quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Aristóteles: conhecimento a partir do conhecimento


Aristóteles, pintura anônima, Catedral da Transfiguração, Moscou


Aristóteles, nos Analíticos Posteriores, afirma que "toda instrução dada ou recebida por meio de argumento procede de conhecimento pré-existente". Em outros termos, toda argumentação se baseia em algo que já sabemos. Um pouco mais à frente o filósofo assevera que nem todo conhecimento pode ser demonstrativo e que, ao contrário, o conhecimento das premissas é independente de demonstração.

Para Aristóteles essas premissas são fornecidas precipuamente de duas formas. Pela indução, de um contato repetido com instâncias particulares abstraímos a Forma ou a essência da qual aquelas são os exemplares. De vários sapos conhecidos abstrai-se a matéria (o que individua) e apreende-se a forma, a essência do sapo.

Ou ainda pelo processo dialético em que, confrontando diversas opiniões de grandes mestres, podemos reconhecer o que cada um diz de verdade e apreender a verdadeira essência da coisa discutida que será depois fielmente refletida numa definição.

Em ambos os casos há um processo de abstração no qual o diverso dá luz ao uno. Ou seja, somos capazes de apreender a verdadeira natureza das coisas a partir de instâncias múltiplas ou de opiniões variadas. Uma vez em posse dessas premissas seguras, poderemos realizar demonstrações.

Assim, o conhecimento se dá pelo conhecimento. E como nenhuma conclusão dedutiva pode dizer algo além do que é dito nas premissas, o conhecimento é como uma explicitação daquilo que já se conhece. Como dizia Aristóteles, em um certo sentido já sabemos e em outro não.

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